Um guia essencial de estudo da Filosofia
Aqui temos um livrinho, pequeno, que merece a consulta para todos aqueles que fazem do ensino da filosofia a sua profissão. Em Portugal temos trabalhos semelhantes feitos pelos autores dos manuais escolares, que servem como guias das aprendizagens em filosofia e como modelo para realizar o trabalho filosófico. Além do mais temos disponível um livro em tudo semelhante, mas adaptado à realidade portuguesa de Desidério Murcho, A natureza da filosofia e o seu ensino (Plátano, 2002). Trata-se de um pequeno mas importante estudo que reflecte sobre a natureza do ensino da filosofia, a sua especificidade e convida o professor de filosofia a evitar alguns lugares comuns no ensino da filosofia corrigindo aspectos centrais no ensino da disciplina. Deveria ser presença obrigatória na biblioteca do professor de filosofia e de todo aquele que se candidata a esse lugar. Constitui uma pequena e autêntica didáctica da disciplina com muitos conselhos úteis e exemplos práticos. O livro de Warburton destina-se ao ensino da filosofia ao nível do secundário e fornece os instrumentos para se ensinar correctamente a filosofia, enquanto actividade crítica do pensamento dividindo-se em quatro pontos essenciais:
- Leitura dinâmica.
- Audição dinâmica.
- Discussão dinâmica.
- Escrita dinâmica.
O que entende Warburton por dinâmica? Precisamente que o aluno é agente de intervenção directa na sua aprendizagem na filosofia. Como o autor refere logo na introdução:
“A principal coisa a lembrar quando estudares filosofia é que não és um mero espectador de um desporto. Tens de te empenhar nas ideias filosóficas como um filósofo e não um simples repórter das questões, à distância. Estudar filosofia envolve aprender a filosofar.”(p.3)
Este pequeno guia inclui ainda várias secções tais como a de fazer um plano de um pequeno ensaio filosófico, como escrever com clareza, como usar a internet, bibliografias, etc… Particularmente interessante é a secção sobre o plágio. Nela, Warburton dá exemplos práticos de uma citação como plágio e, a mesma citação, trabalhada de modo a não constituir plágio. Termina o livro com uma secção mais alargada dando sugestões de como o aluno se deve preparar para os exames e inclui as habituais sugestões de leitura, bem como endereços de internet que merecem consulta.
Pelo exposto se vê tratar-se de uma obra escrita para os alunos, constituindo um excelente guia, mas também podendo orientar o trabalho dos professores de filosofia. Uma excelente proposta para traduzir em língua portuguesa de interesse marcadamente escolar.
Rolando Almeida