Quinta-feira, 31 de Maio de 2007

A ÁGUIA-BEBÉ

«Diz-me com quem andas dir-te-ei quem és»

 

Certa vez, um agricultor encontrou, no bosque, uma águia-bebé ferida. Levou-a para casa, curou-a e colocou-a no galinheiro onde ela depressa aprendeu a comer a mesma comida que os pintos e as galinhas.

Um dia, uma naturalista que passou em casa do agricultor perguntou, intrigado:

-         Porque está a águia, rei de todas as aves e pássaros, fechada no galinheiro com os frangos?

O lavrador respondeu-lhe:

-         Encontrei-a ferida, no bosque e; como ficou no galinheiro a curar-se, alimenta-se como os frangos e nunca aprendeu a voar. Comporta-se como os pintos e, portanto, não é uma águia.

-         Parece-me um belo gesto o teu! Trouxeste-a para casa a cuidaste dela, dando-lhe a oportunidade de sobreviver e ter companhia. Entretanto, ela tem coração de águia e, certamente, pode aprender a voar. Que te parece se lhe déssemos possibilidades de voar?

-         Não percebo o que me dizes. Se ela quisesse voar, tê-lo-ia feito; eu não a impedi de aprender.

-         É verdade! Tu não a impediste, mas, como dizias antes, ensinaste-a a comportar-se como um frango e, por isso, ela não voa. Podemos tentar ensiná-la a voar?

-         Porque insistes tanto? Não vês que ela se comporta como os frangos e já não é uma águia?

O naturalista não desanimou e continuou:

-         É verdade que nos últimos meses se tem comportado como um frango. Mas tenho a impressão que te fixas demasiado nas suas dificuldades de voar. Que te parece se pensarmos no seu coração de águia e nas suas possibilidades de voar?

-         Tenho as minhas dúvidas que isso mude alguma coisa.

-         Apesar de tudo, se pensarmos nas suas possibilidades de voar, julgo que isso nos leva a experimentar as suas possibilidades efectivas!

O lavrador concordou e, no dia seguinte, o naturalista começou a treinar o vôo da águia. Levou-a até um ponto mais alto e incentivou-a a abrir as asas e a voar.

As suas palavras não convenceram a jovem águia. Ela estava confusa e, ao ver os frangos a comer, começou aos saltos até chegar junto deles. Teve medo e pensou que tinha perdido a sua capacidade de voar.

No dia seguinte, o naturalista levou a águia até ao cimo do telhado e incentivou-a:

-         És uma águia! Abre as asas e voa! Podes voar!

Mas a águia continuou a ter medo de si mesma e de tudo o que a rodeava. Nunca se vira naquelas alturas e saltou mais uma vez para o galinheiro.

No dia seguinte, levou a jovem águia até um monte e de novo a incentivou:

-         És uma águia! Voa!

A águia olhou fixamente os olhos do naturalista. Este, impressionado com aquele gesto, disse-lhe em voz baixa e suave:

-         Não me surpreende que tenhas medo. É natural que o tenhas, mas vais ver que valerá a pena tentar. Poderá percorrer distâncias enormes, jogar com o vento e conhecer outros corações de águia. Aliás já pudeste constatar a força que tens, quando correste para os frangos.

A águia olhou à sua volta, para o galinheiro e depois para o céu.

A naturalista ergueu-a bem alto e acariciou-a. Então, ela abriu lentamente as asas e voou no céu.

Tinha recuperado, por fim, as suas possibilidades!

publicado por julmar às 17:51
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